Quando a "ponta se partiu" deixei de escrever. Agora, que todo o nosso Portugal está já todo partido, lembrei-me de, sem qualquer rigor cronológico, colocar num blogue aquilo que escrevi nos últimos 40 anos, publicado ou não, com ou sem a minha assinatura mas que eu sei, é meu. A PONTA QUE SE PARTIU, também servirá para publicar estados de alma daquilo que, hoje, ouço, vejo e sinto serem responsáveis por Portugal continuar partido
sábado, 31 de março de 2012
UMA VOLTA PELO CONCELHO (1. e 2.)
.Estávamos em pleno mês de Junho.
Tinham começado as Férias Grandes e todos os meus amigos se preparavam para sair de Coimbra, a maior parte deles para a Figueira, Mira ou Tocha.
Apesar de ter casa na Figueira da Foz, nunca gostei muito de praia. Não foi surpresa para os meus pais que, logo que terminei as aulas no Liceu José Falcão e saíram os resultados dos exames que me permitem passar para o 10º ano, lhes tivesse pedido para me levarem a casa dos meus avós.
Partimos de Coimbra no início da noite daquele terceiro sábado de Junho e, já em pleno trajecto do IP3, após atravessarmos a ponte sobre o Mondego em Penacova, o lusco-fusco levou o meu pai a acender os faróis do carro.
Tínhamos chegado ao Rojão Grande e, virando à direita, entramos no IC12 que nos levaria até ao início do Concelho de Nelas, precisamente às Freguesias da Lapa do Lobo e Canas de Senhorim.
Aqui já estamos habituados à costumada “choradeira” do meu pai:
- Nunca mais acabam isto. Falta tão pouco para a estrada chegar a Nelas!!!
Por pouco tempo tivemos de andar fora do IC12 pois rapidamente chegámos ao cruzamento que nos levaria primeiro a Vale de Madeiros, e depois às Caldas da Felgueira onde os meus avós nos esperavam.
Contornámos a rotunda, deixando a estrada que nos levaria ao Grande Hotel, e enveredámos pela rua principal das Caldas, passando junto ao Quiosque Sombrinha e estacionámos o carro junto à Pensão Moderna.
A esta hora o meu avô estaria certamente a ver algum espectáculo no Ringue de Patinagem.
Dirigimo-nos para lá. O som do acordeão e a voz das cantadeiras despertaram-nos os sentidos para apreciarmos tudo aquilo que não temos na cidade. E, neste caso, era o Rancho Folclórico de Vilar Seco.
1. VILAR SECO
Conheço o Sr. Neves desde miúdo. O Sr. Neves é gerente de um conceituado hotel da cidade do Porto e, todos os anos, vem para a Felgueira fazer tratamentos às vias respiratórias.
Nesse ano trouxe o neto. O Francisco Neves é mais velho do que eu e frequentava o curso de Arqueologia.
Convidei o Chico a visitar Vilar Seco.
Vilar Seco é uma das nove freguesias deste pequeno concelho da Beira Alta e, entre outras, tem uma característica curiosa: de lá têm surgido, antes e depois do 25 de Abril, vários Presidentes de Câmara.
A actual Presidente de Câmara, a Dr.ª Isaura Pedro, é natural de Vilar Seco, assim como o seu antecessor, o Dr. José Correia.
O Dr. Arnaldo Almeida, que foi médico e director das Termas da Felgueira até ao trágico acidente de automóvel que o vitimou em plena IP3, casou e viveu em Vilar Seco.
O Dr. Eurico Amaral, responsável por várias obras de vulto, como sejam a construção do Cine Teatro de Nelas (projecto do Arquitecto Keill do Amaral) e do campo de futebol e a fundação da Adega Cooperativa de Nelas, é considerado por muitos, devido às condicionantes politicas e financeiras da época, como um dos melhores Presidentes de Nelas.
Vivia na Quinta da Fata, casa dos finais do século XIX, que hoje, pela mão do seu filho, é uma das mais genuínas casas de turismo de habitação que, a quem pretender um turismo de qualidade num contacto permanente com a actividade agrícola e com a natureza, não se pode deixar de recomendar. Recentemente iniciou-se a produção do vinho “Quinta da Fata”.
Às dez da manhã o meu avô levou-nos até Vilar Seco. Deixámos a E.N. 231 na primeira entrada para a sede da Freguesia e, logo à frente, a subida íngreme que aparece à direita foi vencida e estacionámos junto à estátua do Cristo Rei.
Daí, podemos ter uma vista geral de Vilar Seco, com o alto da torre do campanário sobre telhados antigos e com muita história.
- Realmente isto é bonito e parece ter muito que contar. Conheces a história desta terra? - perguntou o Chico.
- Não sei se sei o suficiente para um candidato a arqueólogo mas…
- Deixa-te de disparates. Depois da visita, garanto-te que vou confirmar o que me dizes e aprofundar as informações. Neste momento apenas quero uma visita como turista: simples mas com muitas curiosidades.
- Bem. Assim sendo, posso dizer-te que o Concelho de Nelas é um concelho recente com pouco mais de 150 anos. Antes disso existia o Concelho de Senhorim cuja sede era em Vilar Seco. Em 1852, com a criação do Concelho de Nelas e a extinção do Concelho de Senhorim, Vilar Seco perdeu esse estatuto.
- Diz-me uma coisa. E tens referências quanto à sua origem? - perguntou Chico.
- Vestígios pré-históricos não faltam e vou mostrar-te alguns. Também vamos encontrar uma estrada romana que confirma que, esta zona sempre foi um eixo viário importante. Também te posso dizer que, no século XIX, havia aqui Casa de Câmara, pelourinho, roda dos expostos e cadeia.
- E os vestígios pré-históricos? Chico está impaciente.
- Tem calma, porque isso vai ficar para a tarde. Agora vamos andar um bocadinho até à Avenida Dr. Fortunato de Almeida.
- Fortunato de Almeida? Não era historiador? - pergunta Chico.
- Exactamente. O Dr. Fortunato de Almeida nasceu aqui em 1869. Morreu em 1933 e deixou uma vasta obra da qual se destaca a História da Igreja em Portugal em 8 volumes, que, se um dia a quiseres consultar, está na Biblioteca Municipal de Nelas.
Olha, aqui à esquerda, é a casa onde ele viveu e ali em cima começa a Avenida com o nome dele. Mais adiante vamos encontrar um busto que foi colocado por ocasião do primeiro centenário do seu nascimento. As comemorações tiveram uma comissão de honra presidida pelo Professor José Hermano Saraiva, então Ministro da Educação Nacional.
- Isto é a parte nova de Vilar Seco?
- É, mas tem calma! Ali ao fundo, depois de passarmos o Jardim Infantil e a Associação regressamos àquilo que te interessa.
- E que é …
- Velharias. Desculpa, estou a brincar. Vamos ver o Solar dos Albuquerques que tem uma capela digna de ser visitada. O Solar da Família Ponces tem um brasão imponente e lá residiu o Conde de Vilar Seco, conhecido político do Partido Regenerador. Veremos também a fachada do solar dos Condes de Prime. São tudo edifícios do século XVIII. Não são tão “velhos” como tu querias mas é o que se arranja!!!
- Estás enganado. Apesar de estudar arqueologia, muitas vezes só consigo compreender o passado se analisar o presente. De facto, as construções dos séculos XVII e XVIII, e o que nelas aconteceu até aos dias de hoje são momentos de história inolvidáveis.
- Estás a ver esta água e a comporta? Atravessa a estrada e vai por aqui abaixo até um café com esplanada onde nos vamos sentar e comer o nosso farnel.
- Boa ideia. Já estou a ficar com fome e, principalmente, com sede. Está muito calor.
Sentados na esplanada do Café, e entre dois golos de sumo, perguntei:
- Já visitas-te o Museu Municipal da Figueira da Foz?
- Vais falar dos achados arqueológicos de Nelas que lá se encontram?
- É verdade. Está lá quase tudo. Mas, ia referir-me a um em particular: a famosa”clava de pedra”. Foi encontrada aqui em Vilar Seco num terreno cujo proprietário ao ver a sua forma exótica a recolheu e entregou ao Dr. Santos Rocha. É feita de xisto polido, alongada e grossa e de secção elíptica, com perfurações típicas das peças neolíticas mas com características até há bem poucos anos, desconhecidas em peças deste Período.
- Desconhecia. Como vês não se aprende tudo. Já lá estive mas não me apercebi desse “pequeno grande pormenor”, gracejou o Chico.
- Mas, há mais. Hoje de tarde, para além das Quintas, vamos visitar sepulturas cavadas na rocha que dizem pertencer aos primeiros séculos do Cristianismo e a estrada romana, também conhecida por “ estrada velha”, que saía de Viseu para Seia mas passava por Vilar Seco, indo ao encontro de Algerás.
Caro Chico, tenho uma proposta a fazer. Telefonas ao teu avô para nos vir buscar e depois levámo-lo às quintas para provar o bom Vinho do Dão. Diz-lhe que vá ter connosco à Quinta de Santo António do Serrado.
- Boa ideia. Vou já ligar.
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Já com o Sr. Neves a acompanhar-nos, visitámos duas sepulturas antropomórficas, localizadas na periferia da vinha e onde há também vestígios de materiais de uso doméstico.
- E já que estamos na Quinta de Santo António do Serrado porque não dar uma volta e, uma vez que nós não bebemos, deixarmos o Sr. Neves provar?
- Terei todo o prazer em mostrar a quinta - respondeu o feitor.
- Vamos a isso.
- A Quinta de Santo António do Serrado iniciou-se como produtor /engarrafador de Vinhos do Dão em 1997. Mas, já em 1876 o seu vinho tinha sido premiado na Exposição Mundial de Filadélfia e, a adega, como estão a ver, foi construída em 1741. Neste momento, entre as duas marcas que comercializamos, “Quinta St. António do Serrado” e “Barão de Nelas”, temos uma produção superior a 30000 litros/ano. Como vêem temos instalações extremamente modernas com depósitos em inox e cubas de fermentação com controlo de temperatura. Aqui temos o vinho já pronto a servir e, proponho como prova, o nosso topo de gama.
Após uma breve passagem pela capela da quinta, restaurada no princípio do século XVIII, e depois de nos despedirmos, seguimos pela Rua do Figueiredo em direcção ao Núcleo de Sepulturas do Prado.
Trata-se de um conjunto de três sepulturas escavadas na rocha e que se caracterizam pelo antropomorfismo que revelam.
O Chico mostrava, como é natural, um brilho nos olhos ao ver ao pormenor este achado arqueológico. Não fosse o Sr. Neves e eu lembrarmos-lhe que estavam à nossa espera na Quinta de Tralcume e, a esta hora, ainda lá andaria a analisar as sepulturas…
Chegámos a Quinta de Tralcume, localizada na zona geográfica de S. Salvador, no ponto mais alto de Vilar Seco. Aí esperavam-nos o Sr. Borges que, de imediato, nos levou a visitar as vinhas com cerca de 8 hectares onde se cultivam o Touriga Nacional, o Alfrocheiro, o Jean, o Borrado das Moscas, o Cercial, etc.
Em seguida visitámos a adega, uma pequena adega tradicional onde os velhos lagares beirões e a prensa de cinchos verticais são o centro das atenções. Mas isto é o passado. O Sr. Borges adquiriu esta quita em 1975 e, daí para cá, reestruturou-a e modernizou-a, plantando novas vinhas e seleccionando as castas mais nobres do Dão.
- O que é isto? – Perguntou o Chico.
- São prensas pneumáticas. São mais modernas e valorizam a produção – respondeu o Sr. Borges.
Posteriormente visitámos as cubas de aço inox onde são armazenados os vinhos brancos e os pipos de carvalho francês onde, durante dezoito meses, estagiam os vinhos tintos.
Podemos dizer que a Quinta de Tralcume tem uma história recente como produtor/engarrafador pois a primeira colheita comercializada foi a de 1992. Mais recentemente, os prémios de reconhecimento do trabalho desenvolvido começaram a chegar e, como dizia o Sr. Borges quando chegamos à fase das provas, a Medalha de Prata que está em cima da mesa e que foi conquistada no concurso “Os Melhores Vinhos do Produtor de 2001” é a prova de que valeu a pena.
Regressámos às Caldas da Felgueira e parámos na Quinta do Castanheiro, casa de turismo de habitação cujo bar junto da piscina nos permitiu beber um fino tirado pelo Sr. Novo, garantidamente um dos melhores cervejeiros do Distrito de Viseu. Contamos-lhe o passeio que déramos, ao que ele nos respondeu:
- Eu sou da Freguesia da Aguieira. Querem que vos leve lá?
2. AGUIEIRA
Estava eu na Encosta do Sol, o “Aqua Parque” da Felgueira, quando apareceu a Rita, a filha do Sr. Novo, acompanhada por um casal de jovens, a Lai e o Carlos, que vinha perguntar quando queria ir visitar a Aguieira.
- Aguieira? Já ouvi falar nisso. E por causa de uma pedra, explicou Lai.
- ???
Lai e Carlos são filhos de um jurista madeirense que pela primeira vez vem fazer tratamentos nas Termas da Felgueira. Este Doutor é um apaixonado pela nossa História e a Lai, que é da minha idade, apanhou o bichinho e pretende ser, um dia, investigadora.
- Li algures que Maximiano de Aragão encontrou uma pedra de armas com o escudo dos Gomes de Abreu e Albergaria, igual a algumas recolhidas no Museu Grão Vasco, virada para o interior de uma casa que fora reconstruída. Posteriormente também foi para o Grão Vasco. Quero ir convosco e… de certeza que o meu pai também vai.
- Está combinado. Rita, diz ao teu pai que podemos ir amanhã.
Passámos o resto da tarde no aprazível espaço das piscinas, uma vez ou outra descendo pelos escorregas, e da relva apreciámos o variado número de espécies vegetais que crescem neste espaço aprazível.
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Acabámos de, a caminho da Aguieira, passar por Canas de Senhorim onde parámos no Café Canas, que tem a curiosidade de ter na parede azulejos decorados com canas-da-índia.
Seguimos pela estrada para Aguieira e, no primeiro caminho à esquerda, no ponto mais alto e do lado direito do caminho encontrámos um pequeno monumento megalítico, descoberto em 1985 e que é conhecido por Orca da Pramelas. Apresenta uma câmara onde se vêem quatro esteios sendo o da cabeceira de maiores dimensões. O chão é coberto de lajes de granito e o corredor tem três esteios de cada lado. A mamoa terá sido coberta por uma carapaça de pedras de granito.
Daqui seguimos para o centro da Aguieira e o nosso guia foi-nos dizendo:
- Aguieira já foi Concelho. Apesar de não se conhecer bem a sua origem sabemos que é muito antigo. No foral Manuelino de 1514 e no cadastro de 1527 aparece o “Comçelho Dagyeyra”. Diz também que, anteriormente se chamou Vila Nova das Amoreiras.
- Mas a Freguesia da Aguieira não é muito pequena? -perguntou a Lai.
- Sim, é uma freguesia muito pequena mas muito cobiçada. Além de Concelho, chegou a pertencer a Canas, a Carvalhal e a fazer parte da comenda de Pinheiro de Ázere (cujo comendador era Frei Garcia de Melo, Monteiro-mor do reino). Confirma-se isto no tombo de Aguieira organizado em 1673 e de que foi juiz o Dr. Inácio de Magalhães. Tudo leva a crer que o Concelho da Aguieira se manteve até à data em que entrou em vigor a reforma de Mouzinho da Silveira, entre 1832 e 1834.
- Bem, e para além da lição de história, que é que temos para ver? - questionou o jurista madeirense.
Tínhamos acabado de passar uma rotunda. Chegámos à segunda e, virando para a direita, começamos a ver ao longe a Igreja da Aguieira, situada no largo onde iríamos estacionar.
- Quando estacionarmos vamos logo ver o pelourinho.
- Mas… este pelourinho, não me parece original…
- E não é. Dos antigos símbolos do município nada existe e mesmo o pelourinho foi destruído. Mas, em Agosto de 1939 por iniciativa do Dr. Nuno de Sacadura Bote Corte Real foi inaugurado este pelourinho que aproveitou os fragmentos do antigo para a sua restauração.
- Bote? Esse nome diz-me qualquer coisa - pensou alto a nossa amiga Lai.
- Exactamente. Deves estar a pensar no Solar da Família Sacadura Bote. É cá na Aguieira. Já lá vamos daqui a pouco.
- Ainda há muita coisa para ver. Primeiro vamos visitar os Paços da Câmara, que foram vendidos em hasta pública e onde se encontra uma coisa curiosa: duas pedras de granito conhecidas por “pedras da forca”.
- É monumento Nacional? - perguntei.
- Não. Apenas foi classificada de Valor Concelhio em Janeiro de 1974. Trata-se de um edifício do século XV. Foi um arqueólogo espanhol, Casasnovas, que em 1960 descobriu uma inscrição no umbral da porta com a data de 1451. Antes de ser Casa da Câmara terá sido propriedade do Infante D. Henrique.
- Por isso aquele senhor lhe chamou Casa Henriquina….
Após atravessarmos a praça e termos refrescado as gargantas no café, seguimos para a Casa da Aguieira, onde o nosso guia continuou a explicação:
- A Casa da Aguieira é uma casa de traça caracteristicamente portuguesa e… olhem para o torreão …Data de 1691.
- Portanto, final do século XVII. De quem é?
- Pergunta antes de quem foi! Vamos começar pelo princípio. No século XVII fixou-se cá um ramo de Linhares, a família Corte Real que, pela mão de Jacinto Botelho edificou esta casa. A filha deste senhor casou com um desembargador, de nome Ventura Sacadura Bote….
- …Então é aqui que aparece a família Bote …
- Exactamente. Este desembargador teve um filho, João de Azevedo Pacheco de Sacadura Bote que ganhou muito prestigio ao intervir em casos tão notáveis como delicados como foram a resposta diplomática ao ultimato de Napoleão e, principalmente, um processo de investigação de paternidade ilegítima em que era visado o futuro rei de Portugal, D. João VI.
Culturalmente, um dos maiores vultos do nosso Concelho. Reuniu uma importante biblioteca, uma das primeiras do seu tempo (princípios do século XIX). Neste momento, apesar de muitos contratempos, ainda existem cerca de 1500 volumes.
- Mas, esta família também está ligada ao Vinho do Dão? -perguntei ao Sr. Novo.
- Não só lhe está ligada como foi aqui que começou a denominação “Vinhos do Dão”. O homem de quem acabamos de falar teve um filho, João de Sacadura Bote Corte Real, que foi um notável enólogo e que muito contribuiu para a promoção e divulgação do vinho da Aguieira.
Em meados do século XIX, um grande negociante inglês de vinhos do Douro trazia do Porto cascos de aguardente para, com vinhos de cá, “fabricar” Vinho do Porto. Mas, foi realmente da Quinta da Aguieira que surgiu toda a credibilidade dos vinhos do Dão e o pontapé de saída para que, em Julho de 1910 fosse criada a Região Demarcada do Vinho do Dão.
- Só temos de lhe agradecer a sua simpatia - diz o pai da Lai e do Carlos.
- Foi um prazer, mas antes de terminarmos o passeio ainda lhes vou mostrar a capela da casa de Nelson Casimiro Ramos e, já agora, vamos passar pela capela do Senhor dos Aflitos.
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Partimos de regresso às Caldas da Felgueira. Acabámos de passar na Encosta do Sol e estacionar junto à Quinta do Castanheiro. Enquanto todos se dirigiram para a zona da piscina, o Carlos e eu, dirigimo-nos para a sala de jogos. Tínhamos combinado uma partida de bilhar.
Estava lá o Tó Zé. Da minha idade, amigo há um bom par de anos.
- Quando vais a minha casa?
Tó Zé vive num dos extremos do Concelho de Nelas, quase, quase no início do Concelho de Carregal.
- Já sei - respondi. - A Lapa do Lobo espera por mim.
(Publicado em 2007)
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