Quando a "ponta se partiu" deixei de escrever. Agora, que todo o nosso Portugal está já todo partido, lembrei-me de, sem qualquer rigor cronológico, colocar num blogue aquilo que escrevi nos últimos 40 anos, publicado ou não, com ou sem a minha assinatura mas que eu sei, é meu. A PONTA QUE SE PARTIU, também servirá para publicar estados de alma daquilo que, hoje, ouço, vejo e sinto serem responsáveis por Portugal continuar partido
sábado, 31 de março de 2012
UMA VOLTA PELO CONCELHO (1. e 2.)
.Estávamos em pleno mês de Junho.
Tinham começado as Férias Grandes e todos os meus amigos se preparavam para sair de Coimbra, a maior parte deles para a Figueira, Mira ou Tocha.
Apesar de ter casa na Figueira da Foz, nunca gostei muito de praia. Não foi surpresa para os meus pais que, logo que terminei as aulas no Liceu José Falcão e saíram os resultados dos exames que me permitem passar para o 10º ano, lhes tivesse pedido para me levarem a casa dos meus avós.
Partimos de Coimbra no início da noite daquele terceiro sábado de Junho e, já em pleno trajecto do IP3, após atravessarmos a ponte sobre o Mondego em Penacova, o lusco-fusco levou o meu pai a acender os faróis do carro.
Tínhamos chegado ao Rojão Grande e, virando à direita, entramos no IC12 que nos levaria até ao início do Concelho de Nelas, precisamente às Freguesias da Lapa do Lobo e Canas de Senhorim.
Aqui já estamos habituados à costumada “choradeira” do meu pai:
- Nunca mais acabam isto. Falta tão pouco para a estrada chegar a Nelas!!!
Por pouco tempo tivemos de andar fora do IC12 pois rapidamente chegámos ao cruzamento que nos levaria primeiro a Vale de Madeiros, e depois às Caldas da Felgueira onde os meus avós nos esperavam.
Contornámos a rotunda, deixando a estrada que nos levaria ao Grande Hotel, e enveredámos pela rua principal das Caldas, passando junto ao Quiosque Sombrinha e estacionámos o carro junto à Pensão Moderna.
A esta hora o meu avô estaria certamente a ver algum espectáculo no Ringue de Patinagem.
Dirigimo-nos para lá. O som do acordeão e a voz das cantadeiras despertaram-nos os sentidos para apreciarmos tudo aquilo que não temos na cidade. E, neste caso, era o Rancho Folclórico de Vilar Seco.
1. VILAR SECO
Conheço o Sr. Neves desde miúdo. O Sr. Neves é gerente de um conceituado hotel da cidade do Porto e, todos os anos, vem para a Felgueira fazer tratamentos às vias respiratórias.
Nesse ano trouxe o neto. O Francisco Neves é mais velho do que eu e frequentava o curso de Arqueologia.
Convidei o Chico a visitar Vilar Seco.
Vilar Seco é uma das nove freguesias deste pequeno concelho da Beira Alta e, entre outras, tem uma característica curiosa: de lá têm surgido, antes e depois do 25 de Abril, vários Presidentes de Câmara.
A actual Presidente de Câmara, a Dr.ª Isaura Pedro, é natural de Vilar Seco, assim como o seu antecessor, o Dr. José Correia.
O Dr. Arnaldo Almeida, que foi médico e director das Termas da Felgueira até ao trágico acidente de automóvel que o vitimou em plena IP3, casou e viveu em Vilar Seco.
O Dr. Eurico Amaral, responsável por várias obras de vulto, como sejam a construção do Cine Teatro de Nelas (projecto do Arquitecto Keill do Amaral) e do campo de futebol e a fundação da Adega Cooperativa de Nelas, é considerado por muitos, devido às condicionantes politicas e financeiras da época, como um dos melhores Presidentes de Nelas.
Vivia na Quinta da Fata, casa dos finais do século XIX, que hoje, pela mão do seu filho, é uma das mais genuínas casas de turismo de habitação que, a quem pretender um turismo de qualidade num contacto permanente com a actividade agrícola e com a natureza, não se pode deixar de recomendar. Recentemente iniciou-se a produção do vinho “Quinta da Fata”.
Às dez da manhã o meu avô levou-nos até Vilar Seco. Deixámos a E.N. 231 na primeira entrada para a sede da Freguesia e, logo à frente, a subida íngreme que aparece à direita foi vencida e estacionámos junto à estátua do Cristo Rei.
Daí, podemos ter uma vista geral de Vilar Seco, com o alto da torre do campanário sobre telhados antigos e com muita história.
- Realmente isto é bonito e parece ter muito que contar. Conheces a história desta terra? - perguntou o Chico.
- Não sei se sei o suficiente para um candidato a arqueólogo mas…
- Deixa-te de disparates. Depois da visita, garanto-te que vou confirmar o que me dizes e aprofundar as informações. Neste momento apenas quero uma visita como turista: simples mas com muitas curiosidades.
- Bem. Assim sendo, posso dizer-te que o Concelho de Nelas é um concelho recente com pouco mais de 150 anos. Antes disso existia o Concelho de Senhorim cuja sede era em Vilar Seco. Em 1852, com a criação do Concelho de Nelas e a extinção do Concelho de Senhorim, Vilar Seco perdeu esse estatuto.
- Diz-me uma coisa. E tens referências quanto à sua origem? - perguntou Chico.
- Vestígios pré-históricos não faltam e vou mostrar-te alguns. Também vamos encontrar uma estrada romana que confirma que, esta zona sempre foi um eixo viário importante. Também te posso dizer que, no século XIX, havia aqui Casa de Câmara, pelourinho, roda dos expostos e cadeia.
- E os vestígios pré-históricos? Chico está impaciente.
- Tem calma, porque isso vai ficar para a tarde. Agora vamos andar um bocadinho até à Avenida Dr. Fortunato de Almeida.
- Fortunato de Almeida? Não era historiador? - pergunta Chico.
- Exactamente. O Dr. Fortunato de Almeida nasceu aqui em 1869. Morreu em 1933 e deixou uma vasta obra da qual se destaca a História da Igreja em Portugal em 8 volumes, que, se um dia a quiseres consultar, está na Biblioteca Municipal de Nelas.
Olha, aqui à esquerda, é a casa onde ele viveu e ali em cima começa a Avenida com o nome dele. Mais adiante vamos encontrar um busto que foi colocado por ocasião do primeiro centenário do seu nascimento. As comemorações tiveram uma comissão de honra presidida pelo Professor José Hermano Saraiva, então Ministro da Educação Nacional.
- Isto é a parte nova de Vilar Seco?
- É, mas tem calma! Ali ao fundo, depois de passarmos o Jardim Infantil e a Associação regressamos àquilo que te interessa.
- E que é …
- Velharias. Desculpa, estou a brincar. Vamos ver o Solar dos Albuquerques que tem uma capela digna de ser visitada. O Solar da Família Ponces tem um brasão imponente e lá residiu o Conde de Vilar Seco, conhecido político do Partido Regenerador. Veremos também a fachada do solar dos Condes de Prime. São tudo edifícios do século XVIII. Não são tão “velhos” como tu querias mas é o que se arranja!!!
- Estás enganado. Apesar de estudar arqueologia, muitas vezes só consigo compreender o passado se analisar o presente. De facto, as construções dos séculos XVII e XVIII, e o que nelas aconteceu até aos dias de hoje são momentos de história inolvidáveis.
- Estás a ver esta água e a comporta? Atravessa a estrada e vai por aqui abaixo até um café com esplanada onde nos vamos sentar e comer o nosso farnel.
- Boa ideia. Já estou a ficar com fome e, principalmente, com sede. Está muito calor.
Sentados na esplanada do Café, e entre dois golos de sumo, perguntei:
- Já visitas-te o Museu Municipal da Figueira da Foz?
- Vais falar dos achados arqueológicos de Nelas que lá se encontram?
- É verdade. Está lá quase tudo. Mas, ia referir-me a um em particular: a famosa”clava de pedra”. Foi encontrada aqui em Vilar Seco num terreno cujo proprietário ao ver a sua forma exótica a recolheu e entregou ao Dr. Santos Rocha. É feita de xisto polido, alongada e grossa e de secção elíptica, com perfurações típicas das peças neolíticas mas com características até há bem poucos anos, desconhecidas em peças deste Período.
- Desconhecia. Como vês não se aprende tudo. Já lá estive mas não me apercebi desse “pequeno grande pormenor”, gracejou o Chico.
- Mas, há mais. Hoje de tarde, para além das Quintas, vamos visitar sepulturas cavadas na rocha que dizem pertencer aos primeiros séculos do Cristianismo e a estrada romana, também conhecida por “ estrada velha”, que saía de Viseu para Seia mas passava por Vilar Seco, indo ao encontro de Algerás.
Caro Chico, tenho uma proposta a fazer. Telefonas ao teu avô para nos vir buscar e depois levámo-lo às quintas para provar o bom Vinho do Dão. Diz-lhe que vá ter connosco à Quinta de Santo António do Serrado.
- Boa ideia. Vou já ligar.
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Já com o Sr. Neves a acompanhar-nos, visitámos duas sepulturas antropomórficas, localizadas na periferia da vinha e onde há também vestígios de materiais de uso doméstico.
- E já que estamos na Quinta de Santo António do Serrado porque não dar uma volta e, uma vez que nós não bebemos, deixarmos o Sr. Neves provar?
- Terei todo o prazer em mostrar a quinta - respondeu o feitor.
- Vamos a isso.
- A Quinta de Santo António do Serrado iniciou-se como produtor /engarrafador de Vinhos do Dão em 1997. Mas, já em 1876 o seu vinho tinha sido premiado na Exposição Mundial de Filadélfia e, a adega, como estão a ver, foi construída em 1741. Neste momento, entre as duas marcas que comercializamos, “Quinta St. António do Serrado” e “Barão de Nelas”, temos uma produção superior a 30000 litros/ano. Como vêem temos instalações extremamente modernas com depósitos em inox e cubas de fermentação com controlo de temperatura. Aqui temos o vinho já pronto a servir e, proponho como prova, o nosso topo de gama.
Após uma breve passagem pela capela da quinta, restaurada no princípio do século XVIII, e depois de nos despedirmos, seguimos pela Rua do Figueiredo em direcção ao Núcleo de Sepulturas do Prado.
Trata-se de um conjunto de três sepulturas escavadas na rocha e que se caracterizam pelo antropomorfismo que revelam.
O Chico mostrava, como é natural, um brilho nos olhos ao ver ao pormenor este achado arqueológico. Não fosse o Sr. Neves e eu lembrarmos-lhe que estavam à nossa espera na Quinta de Tralcume e, a esta hora, ainda lá andaria a analisar as sepulturas…
Chegámos a Quinta de Tralcume, localizada na zona geográfica de S. Salvador, no ponto mais alto de Vilar Seco. Aí esperavam-nos o Sr. Borges que, de imediato, nos levou a visitar as vinhas com cerca de 8 hectares onde se cultivam o Touriga Nacional, o Alfrocheiro, o Jean, o Borrado das Moscas, o Cercial, etc.
Em seguida visitámos a adega, uma pequena adega tradicional onde os velhos lagares beirões e a prensa de cinchos verticais são o centro das atenções. Mas isto é o passado. O Sr. Borges adquiriu esta quita em 1975 e, daí para cá, reestruturou-a e modernizou-a, plantando novas vinhas e seleccionando as castas mais nobres do Dão.
- O que é isto? – Perguntou o Chico.
- São prensas pneumáticas. São mais modernas e valorizam a produção – respondeu o Sr. Borges.
Posteriormente visitámos as cubas de aço inox onde são armazenados os vinhos brancos e os pipos de carvalho francês onde, durante dezoito meses, estagiam os vinhos tintos.
Podemos dizer que a Quinta de Tralcume tem uma história recente como produtor/engarrafador pois a primeira colheita comercializada foi a de 1992. Mais recentemente, os prémios de reconhecimento do trabalho desenvolvido começaram a chegar e, como dizia o Sr. Borges quando chegamos à fase das provas, a Medalha de Prata que está em cima da mesa e que foi conquistada no concurso “Os Melhores Vinhos do Produtor de 2001” é a prova de que valeu a pena.
Regressámos às Caldas da Felgueira e parámos na Quinta do Castanheiro, casa de turismo de habitação cujo bar junto da piscina nos permitiu beber um fino tirado pelo Sr. Novo, garantidamente um dos melhores cervejeiros do Distrito de Viseu. Contamos-lhe o passeio que déramos, ao que ele nos respondeu:
- Eu sou da Freguesia da Aguieira. Querem que vos leve lá?
2. AGUIEIRA
Estava eu na Encosta do Sol, o “Aqua Parque” da Felgueira, quando apareceu a Rita, a filha do Sr. Novo, acompanhada por um casal de jovens, a Lai e o Carlos, que vinha perguntar quando queria ir visitar a Aguieira.
- Aguieira? Já ouvi falar nisso. E por causa de uma pedra, explicou Lai.
- ???
Lai e Carlos são filhos de um jurista madeirense que pela primeira vez vem fazer tratamentos nas Termas da Felgueira. Este Doutor é um apaixonado pela nossa História e a Lai, que é da minha idade, apanhou o bichinho e pretende ser, um dia, investigadora.
- Li algures que Maximiano de Aragão encontrou uma pedra de armas com o escudo dos Gomes de Abreu e Albergaria, igual a algumas recolhidas no Museu Grão Vasco, virada para o interior de uma casa que fora reconstruída. Posteriormente também foi para o Grão Vasco. Quero ir convosco e… de certeza que o meu pai também vai.
- Está combinado. Rita, diz ao teu pai que podemos ir amanhã.
Passámos o resto da tarde no aprazível espaço das piscinas, uma vez ou outra descendo pelos escorregas, e da relva apreciámos o variado número de espécies vegetais que crescem neste espaço aprazível.
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Acabámos de, a caminho da Aguieira, passar por Canas de Senhorim onde parámos no Café Canas, que tem a curiosidade de ter na parede azulejos decorados com canas-da-índia.
Seguimos pela estrada para Aguieira e, no primeiro caminho à esquerda, no ponto mais alto e do lado direito do caminho encontrámos um pequeno monumento megalítico, descoberto em 1985 e que é conhecido por Orca da Pramelas. Apresenta uma câmara onde se vêem quatro esteios sendo o da cabeceira de maiores dimensões. O chão é coberto de lajes de granito e o corredor tem três esteios de cada lado. A mamoa terá sido coberta por uma carapaça de pedras de granito.
Daqui seguimos para o centro da Aguieira e o nosso guia foi-nos dizendo:
- Aguieira já foi Concelho. Apesar de não se conhecer bem a sua origem sabemos que é muito antigo. No foral Manuelino de 1514 e no cadastro de 1527 aparece o “Comçelho Dagyeyra”. Diz também que, anteriormente se chamou Vila Nova das Amoreiras.
- Mas a Freguesia da Aguieira não é muito pequena? -perguntou a Lai.
- Sim, é uma freguesia muito pequena mas muito cobiçada. Além de Concelho, chegou a pertencer a Canas, a Carvalhal e a fazer parte da comenda de Pinheiro de Ázere (cujo comendador era Frei Garcia de Melo, Monteiro-mor do reino). Confirma-se isto no tombo de Aguieira organizado em 1673 e de que foi juiz o Dr. Inácio de Magalhães. Tudo leva a crer que o Concelho da Aguieira se manteve até à data em que entrou em vigor a reforma de Mouzinho da Silveira, entre 1832 e 1834.
- Bem, e para além da lição de história, que é que temos para ver? - questionou o jurista madeirense.
Tínhamos acabado de passar uma rotunda. Chegámos à segunda e, virando para a direita, começamos a ver ao longe a Igreja da Aguieira, situada no largo onde iríamos estacionar.
- Quando estacionarmos vamos logo ver o pelourinho.
- Mas… este pelourinho, não me parece original…
- E não é. Dos antigos símbolos do município nada existe e mesmo o pelourinho foi destruído. Mas, em Agosto de 1939 por iniciativa do Dr. Nuno de Sacadura Bote Corte Real foi inaugurado este pelourinho que aproveitou os fragmentos do antigo para a sua restauração.
- Bote? Esse nome diz-me qualquer coisa - pensou alto a nossa amiga Lai.
- Exactamente. Deves estar a pensar no Solar da Família Sacadura Bote. É cá na Aguieira. Já lá vamos daqui a pouco.
- Ainda há muita coisa para ver. Primeiro vamos visitar os Paços da Câmara, que foram vendidos em hasta pública e onde se encontra uma coisa curiosa: duas pedras de granito conhecidas por “pedras da forca”.
- É monumento Nacional? - perguntei.
- Não. Apenas foi classificada de Valor Concelhio em Janeiro de 1974. Trata-se de um edifício do século XV. Foi um arqueólogo espanhol, Casasnovas, que em 1960 descobriu uma inscrição no umbral da porta com a data de 1451. Antes de ser Casa da Câmara terá sido propriedade do Infante D. Henrique.
- Por isso aquele senhor lhe chamou Casa Henriquina….
Após atravessarmos a praça e termos refrescado as gargantas no café, seguimos para a Casa da Aguieira, onde o nosso guia continuou a explicação:
- A Casa da Aguieira é uma casa de traça caracteristicamente portuguesa e… olhem para o torreão …Data de 1691.
- Portanto, final do século XVII. De quem é?
- Pergunta antes de quem foi! Vamos começar pelo princípio. No século XVII fixou-se cá um ramo de Linhares, a família Corte Real que, pela mão de Jacinto Botelho edificou esta casa. A filha deste senhor casou com um desembargador, de nome Ventura Sacadura Bote….
- …Então é aqui que aparece a família Bote …
- Exactamente. Este desembargador teve um filho, João de Azevedo Pacheco de Sacadura Bote que ganhou muito prestigio ao intervir em casos tão notáveis como delicados como foram a resposta diplomática ao ultimato de Napoleão e, principalmente, um processo de investigação de paternidade ilegítima em que era visado o futuro rei de Portugal, D. João VI.
Culturalmente, um dos maiores vultos do nosso Concelho. Reuniu uma importante biblioteca, uma das primeiras do seu tempo (princípios do século XIX). Neste momento, apesar de muitos contratempos, ainda existem cerca de 1500 volumes.
- Mas, esta família também está ligada ao Vinho do Dão? -perguntei ao Sr. Novo.
- Não só lhe está ligada como foi aqui que começou a denominação “Vinhos do Dão”. O homem de quem acabamos de falar teve um filho, João de Sacadura Bote Corte Real, que foi um notável enólogo e que muito contribuiu para a promoção e divulgação do vinho da Aguieira.
Em meados do século XIX, um grande negociante inglês de vinhos do Douro trazia do Porto cascos de aguardente para, com vinhos de cá, “fabricar” Vinho do Porto. Mas, foi realmente da Quinta da Aguieira que surgiu toda a credibilidade dos vinhos do Dão e o pontapé de saída para que, em Julho de 1910 fosse criada a Região Demarcada do Vinho do Dão.
- Só temos de lhe agradecer a sua simpatia - diz o pai da Lai e do Carlos.
- Foi um prazer, mas antes de terminarmos o passeio ainda lhes vou mostrar a capela da casa de Nelson Casimiro Ramos e, já agora, vamos passar pela capela do Senhor dos Aflitos.
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Partimos de regresso às Caldas da Felgueira. Acabámos de passar na Encosta do Sol e estacionar junto à Quinta do Castanheiro. Enquanto todos se dirigiram para a zona da piscina, o Carlos e eu, dirigimo-nos para a sala de jogos. Tínhamos combinado uma partida de bilhar.
Estava lá o Tó Zé. Da minha idade, amigo há um bom par de anos.
- Quando vais a minha casa?
Tó Zé vive num dos extremos do Concelho de Nelas, quase, quase no início do Concelho de Carregal.
- Já sei - respondi. - A Lapa do Lobo espera por mim.
(Publicado em 2007)
sexta-feira, 30 de março de 2012
SITUAÇÃO NA JOHNSON CONTROLS UNIU “TODOS” OS DEPUTADOS
Demonstradas as potencialidades do parlamentarismo:
MOÇÃO CONTRA PROPOSTA DE LEI DAS FINANÇAS LOCAIS – “QUASE” POR UNANIMIDADE
Seria provavelmente uma Assembleia morna não fosse a qualidade das intervenções a que esta Assembleia nos vem habituando e o ponto quente do “antes da ordem do dia”.
De facto já nos corredores, e muito antes do início da Assembleia nos apercebíamos do ar de preocupação dos Deputados Municipais, independentemente da sua cor partidária. A razão da preocupação tinha um nome e chamava-se “Johnson Controls”.
Depois de todas as explicações dadas pela Sr.ª Presidente de Câmara e das acções que tem desenvolvido junto do Governo e de outras instâncias não governamentais foi a vez dos Snrs. Deputados usarem da palavra e, sem qualquer dúvida, solidarizarem-se com todos os trabalhadores e respectivas famílias, aprovando, por unanimidade, uma moção (ver caixa).
Seguiram-se os pontos de “Antes” e do “Período da Ordem do Dia” que, com mais ou menos intervenções de diversos parlamentares não suscitaram qualquer polémica sendo de realçar a aprovação de um reforço de capacidade financeira para as obras do “Quartel dos Bombeiros Voluntários de Nelas”, “ligação da Rua da Shell/Av.António Joaquim Henriques”, “Variante da Aguieira” e “Capela Mortuária de Moreira”
Chegado ao ponto 2.9 , que tinha a ver com a tão falada “Proposta de Lei das Finanças Locais”, proporcionou-se uma troca de opiniões demonstrativas de que o parlamentarismo é a expressão máxima do sistema democrático e que, presumimos, foi do agrado de todos aqueles que assistiram a esta Assembleia e, porventura, irá “convencer” muitos mais a estarem presentes em próximas Assembleias.
Em nome da Coligação no poder, o Deputado Rui Costa apresentou as razões que levavam a apresentar uma moção de repudio a essa lei que, nas suas palavras levam o Município de Nelas a ter transferências do Estado igual a “zero” em 2007 e 2008 e a uma diminuição em 2009 de cerca de 1 milhão de Euros (duzentos mil contos)
Em nome do Partido Socialista, o Professor Borges depois de algumas considerações referiu que a questão estava a ser politizada e que, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista iria “abster-se”.
Depois de mais algumas intervenções de ambos os parlamentares o Sr. Vice-Presidente da Câmara pediu a palavra para numa breve mas clara e pragmática intervenção explicar que muito mais importante do que a defesa de posições partidárias o importante era salvaguardar os interesses futuros do Concelho de Nelas e que, em Nelas, ninguém iria compreender a abstenção do Partido Socialista numa matéria tão delicada como esta.
Após um intervalo de dez minutos e de algumas alterações à moção apresentada pela coligação PPD-PSD/PP os Senhores Deputados do Partido Socialista, à excepção de um único, votaram favoravelmente a Moção de repúdio à proposta de lei das Finanças Locais com 28 votos a favor e uma abstenção (ver caixa).
(Folha do Centro SET/2006
MOÇÃO CONTRA PROPOSTA DE LEI DAS FINANÇAS LOCAIS – “QUASE” POR UNANIMIDADE
Seria provavelmente uma Assembleia morna não fosse a qualidade das intervenções a que esta Assembleia nos vem habituando e o ponto quente do “antes da ordem do dia”.
De facto já nos corredores, e muito antes do início da Assembleia nos apercebíamos do ar de preocupação dos Deputados Municipais, independentemente da sua cor partidária. A razão da preocupação tinha um nome e chamava-se “Johnson Controls”.
Depois de todas as explicações dadas pela Sr.ª Presidente de Câmara e das acções que tem desenvolvido junto do Governo e de outras instâncias não governamentais foi a vez dos Snrs. Deputados usarem da palavra e, sem qualquer dúvida, solidarizarem-se com todos os trabalhadores e respectivas famílias, aprovando, por unanimidade, uma moção (ver caixa).
Seguiram-se os pontos de “Antes” e do “Período da Ordem do Dia” que, com mais ou menos intervenções de diversos parlamentares não suscitaram qualquer polémica sendo de realçar a aprovação de um reforço de capacidade financeira para as obras do “Quartel dos Bombeiros Voluntários de Nelas”, “ligação da Rua da Shell/Av.António Joaquim Henriques”, “Variante da Aguieira” e “Capela Mortuária de Moreira”
Chegado ao ponto 2.9 , que tinha a ver com a tão falada “Proposta de Lei das Finanças Locais”, proporcionou-se uma troca de opiniões demonstrativas de que o parlamentarismo é a expressão máxima do sistema democrático e que, presumimos, foi do agrado de todos aqueles que assistiram a esta Assembleia e, porventura, irá “convencer” muitos mais a estarem presentes em próximas Assembleias.
Em nome da Coligação no poder, o Deputado Rui Costa apresentou as razões que levavam a apresentar uma moção de repudio a essa lei que, nas suas palavras levam o Município de Nelas a ter transferências do Estado igual a “zero” em 2007 e 2008 e a uma diminuição em 2009 de cerca de 1 milhão de Euros (duzentos mil contos)
Em nome do Partido Socialista, o Professor Borges depois de algumas considerações referiu que a questão estava a ser politizada e que, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista iria “abster-se”.
Depois de mais algumas intervenções de ambos os parlamentares o Sr. Vice-Presidente da Câmara pediu a palavra para numa breve mas clara e pragmática intervenção explicar que muito mais importante do que a defesa de posições partidárias o importante era salvaguardar os interesses futuros do Concelho de Nelas e que, em Nelas, ninguém iria compreender a abstenção do Partido Socialista numa matéria tão delicada como esta.
Após um intervalo de dez minutos e de algumas alterações à moção apresentada pela coligação PPD-PSD/PP os Senhores Deputados do Partido Socialista, à excepção de um único, votaram favoravelmente a Moção de repúdio à proposta de lei das Finanças Locais com 28 votos a favor e uma abstenção (ver caixa).
(Folha do Centro SET/2006
REVIVER O DÃO COM "O SANTARENSE"
Respiremos a Região , aderindo ao projecto
Um jornal vai renascer das cinzas.
Trata-se de uma boa noticia.
Mas, a noticia é bem melhor quando sabemos tratar-se de um Jornal de Freguesia e de uma Freguesia que me habituei a respeitar e cujo património é digno de ser visitado e divulgado.
Estamos em pleno pulmão da Região do Vinho do Dão.
Santar e a sua população merecem ter uma fonte de informação e divulgação.
Eu tive o privilégio de ter sido convidado a exprimir o que sinto pela terra e pelos meus amigos que estão a levantar este projecto.
Força.
Contem sempre comigo.
Todos sabemos que o caminho é difícil, cheio de curvas e de pedregulhos.
Mas vocês são mais de torcer do que ceder.
Que a azia que possam causar a alguns não sirva de desânimo e, pelo contrário, sirva de estímulo para em conjunto com toda a imprensa do Concelho, divulgar o que de bom temos em Nelas e, neste caso, na Freguesia de Santar.
Parabéns e felicidades
(JORNAL "O SANTARENSE")
Um jornal vai renascer das cinzas.
Trata-se de uma boa noticia.
Mas, a noticia é bem melhor quando sabemos tratar-se de um Jornal de Freguesia e de uma Freguesia que me habituei a respeitar e cujo património é digno de ser visitado e divulgado.
Estamos em pleno pulmão da Região do Vinho do Dão.
Santar e a sua população merecem ter uma fonte de informação e divulgação.
Eu tive o privilégio de ter sido convidado a exprimir o que sinto pela terra e pelos meus amigos que estão a levantar este projecto.
Força.
Contem sempre comigo.
Todos sabemos que o caminho é difícil, cheio de curvas e de pedregulhos.
Mas vocês são mais de torcer do que ceder.
Que a azia que possam causar a alguns não sirva de desânimo e, pelo contrário, sirva de estímulo para em conjunto com toda a imprensa do Concelho, divulgar o que de bom temos em Nelas e, neste caso, na Freguesia de Santar.
Parabéns e felicidades
(JORNAL "O SANTARENSE")
quinta-feira, 29 de março de 2012
I ENCONTRO DE MOTOTURISMO DE CALDAS DE AREGOS
Visitou o Concelho de Resende, num recente fim de semana, uma grande caravana do Mototurismo do Centro, a convite dos Amadores de Pesca e Caça de Caldas de Aregos.
Estiveram no Monte de S. Cristovão, Panchorra, Mosteiro de Santa Maria de Cárquere, Penedo de S. João, Torre da Lagariça, Caldas de Aregos e na Vila de Resende.
Almoçaram na Panchorra e jantaram na Escola Secundária de Resende onde assistiram à actuação do Rancho Folclórico de S. Miguel de Anreade, perante uma assistência onde não o Presidente da Câmara e outras Entidades Oficiais.
No Domingo tiveram uma churrascada à beira rio, e ainda um passeio de barco no Rio Douro.
No final da tarde de Domingo, partiram satisfeitos, prometendo voltar ainda este ano.
Os Bombeiros Voluntários de Resende deram o seu apoio à referida caravana.
Os Directores dos dois Clubes ofereceram para a Biblioteca da Associação dos Bombeiros, placas alusivas ao encontro.
(JORNAL MIRADOURO - 7 de Junho de 1991)
Estiveram no Monte de S. Cristovão, Panchorra, Mosteiro de Santa Maria de Cárquere, Penedo de S. João, Torre da Lagariça, Caldas de Aregos e na Vila de Resende.
Almoçaram na Panchorra e jantaram na Escola Secundária de Resende onde assistiram à actuação do Rancho Folclórico de S. Miguel de Anreade, perante uma assistência onde não o Presidente da Câmara e outras Entidades Oficiais.
No Domingo tiveram uma churrascada à beira rio, e ainda um passeio de barco no Rio Douro.
No final da tarde de Domingo, partiram satisfeitos, prometendo voltar ainda este ano.
Os Bombeiros Voluntários de Resende deram o seu apoio à referida caravana.
Os Directores dos dois Clubes ofereceram para a Biblioteca da Associação dos Bombeiros, placas alusivas ao encontro.
(JORNAL MIRADOURO - 7 de Junho de 1991)
ENCONTRO DE MOTOTURISMO EM CALDAS DE AREGOS
HOJE E AMANHÃ COM PARTIDA EM COIMBRA
A Associação de Amadores de Pesca e Caça de Caldas de Aregos, em colaboração com o Clube de Mototurismo do Centro, vai levar a efeito, hoje e amanhã o I ENCONTRO DE MOTOTURISMO DE CALDAS DE AREGOS.
A hora marcada para a partida de Coimbra com concentração junto ao posto da Mobil será às 9H30 de hoje.
Após a chegada a Caldas de Aregos realizar-se-á um passeio pela Serra do Montemuro, tendo em vista visitar as aldeias serranas e os monumentos históricos, alguns deles remontando à época anterior à fundação de Portugal.
À noite, após a chegada à Vila de Resende, realizar-se-à um jantar oferecido pela Câmara Municipal de Resende seguido de um espectáculo com o Rancho Folclórico de Anreade.
Amanhã de manhã, com partida da Estância Termal de Caldas de Aregos haverá um passeio de barco pelo Rio Douro ao qual se seguirá uma churrascada.
(DIÁRIO DE COIMBRA - 18 de Maio de 1991)
A Associação de Amadores de Pesca e Caça de Caldas de Aregos, em colaboração com o Clube de Mototurismo do Centro, vai levar a efeito, hoje e amanhã o I ENCONTRO DE MOTOTURISMO DE CALDAS DE AREGOS.
A hora marcada para a partida de Coimbra com concentração junto ao posto da Mobil será às 9H30 de hoje.
Após a chegada a Caldas de Aregos realizar-se-á um passeio pela Serra do Montemuro, tendo em vista visitar as aldeias serranas e os monumentos históricos, alguns deles remontando à época anterior à fundação de Portugal.
À noite, após a chegada à Vila de Resende, realizar-se-à um jantar oferecido pela Câmara Municipal de Resende seguido de um espectáculo com o Rancho Folclórico de Anreade.
Amanhã de manhã, com partida da Estância Termal de Caldas de Aregos haverá um passeio de barco pelo Rio Douro ao qual se seguirá uma churrascada.
(DIÁRIO DE COIMBRA - 18 de Maio de 1991)
CONGRESSO EUROPEU DE CARDIOLOGIA
CONGRESSO EUROPEU DE CARDIOLOGIA
PRESENTES 39 CARDIOLOGISTAS PORTUGUESES
Este ano, o Congresso Europeu de Cardiologia decorreu de 5 a 10 de Setembro na vizinha Espanha.
Deslocamo-nos a Santiago de Compostela onde os nossos vizinhos Galegos mostraram uma organização impecável.
No sábado, após a abertura do Congresso na Igreja de San Martin Pinário seguiu-se uma missa que apresentou o BOTAFUMEIRO que tem como curiosidade o TURÍBULO (todo em prata),que tem cerca de 2 metros de altura e que, depois de aceso é lançado a toda a velocidade num movimento pendular que o leva até às altas cúpulas da Catedral.
Seguiu-se uma recepção no Hotel Reis Católicos que esteve à altura da grandiosidade e categoria daquele que é considerado um dos melhores hotéis de Espanha.
No Domingo organizaram-se os mais diversos passeios até às Rias Bajas, Corunha e Vigo.
Na 2ª feira, já na Faculdade de Medicina iniciaram-se os trabalhos cientificos em que estavam inscritos 1273 médicos de 36 paises, entre os quais 39 cardiologistas portugueses.
Como novidade, referimos o lançamento em Espanha de uma nova forma de admnistração de nitratos (já comercializado há 2 anos em Portugal pelos Laboratórios Ciba-Geigy) e que vem revolucionar as formas tradicionais de tomar medicamentos.
Referimo-nos ao NITRODERME, destinado à profilaxia das crises de angina de peito e que é uma espécie de adesivo contendo nitroglicerina e que é colocado na pele, dando proteção ao doente durante 24 horas.
Deste modo, agora em Espanha, como já o é em Portugal, os médicos dispõe de um novo medicamento que permitirá aos seus doentes viver com mais comodidade e melhor qualidade de vida
(JORNAL DE MATOSINHOS - 25 de Setembro de 1987)
PRESENTES 39 CARDIOLOGISTAS PORTUGUESES
Este ano, o Congresso Europeu de Cardiologia decorreu de 5 a 10 de Setembro na vizinha Espanha.
Deslocamo-nos a Santiago de Compostela onde os nossos vizinhos Galegos mostraram uma organização impecável.
No sábado, após a abertura do Congresso na Igreja de San Martin Pinário seguiu-se uma missa que apresentou o BOTAFUMEIRO que tem como curiosidade o TURÍBULO (todo em prata),que tem cerca de 2 metros de altura e que, depois de aceso é lançado a toda a velocidade num movimento pendular que o leva até às altas cúpulas da Catedral.
Seguiu-se uma recepção no Hotel Reis Católicos que esteve à altura da grandiosidade e categoria daquele que é considerado um dos melhores hotéis de Espanha.
No Domingo organizaram-se os mais diversos passeios até às Rias Bajas, Corunha e Vigo.
Na 2ª feira, já na Faculdade de Medicina iniciaram-se os trabalhos cientificos em que estavam inscritos 1273 médicos de 36 paises, entre os quais 39 cardiologistas portugueses.
Como novidade, referimos o lançamento em Espanha de uma nova forma de admnistração de nitratos (já comercializado há 2 anos em Portugal pelos Laboratórios Ciba-Geigy) e que vem revolucionar as formas tradicionais de tomar medicamentos.
Referimo-nos ao NITRODERME, destinado à profilaxia das crises de angina de peito e que é uma espécie de adesivo contendo nitroglicerina e que é colocado na pele, dando proteção ao doente durante 24 horas.
Deste modo, agora em Espanha, como já o é em Portugal, os médicos dispõe de um novo medicamento que permitirá aos seus doentes viver com mais comodidade e melhor qualidade de vida
(JORNAL DE MATOSINHOS - 25 de Setembro de 1987)
quarta-feira, 28 de março de 2012
APCA CALDAS de AREGOS
CLUBE DOS AMADORES DE CAÇA E PESCA DE CALDAS DE AREGOS
NOVOS CORPOS GERENTES
NOVOS PROJECTOS
Foram apresentadas, em reunião do APCA, em Resende, diversas propostas capazes de fazer um completo relançamento da colectividade. Para tal contribuirá também o empenho dos seus novos Corpos Gerentes.
Os principais pontos da ordem de trabalhos foram a aprovação do relatório e contas e a anulação de todas as quotas em atraso.
Decidido foi enviar a todos os inscritos uma carta comunicando a reactivação do clube.
Dar conhecimento da doação feita por José Duarte Pinto dos Santos ao APCA de um terreno de que é proprietário no monte de S. Cristovão.
CORPOS GERENTES
Assembleia geral
Presidente: Jorge Manuel Esteves
Vice-Presidente: José Duarte Pinto dos Santos
Secretário: José Pinto Barriga
Direcção
Presidente: Adérito Moreira
Vice-Presidente: Manuel Brás
Tesoureiro: Osvaldo Magalhães
1º Secretário: António Pinto Barriga
2º Secretário: José Maria Teixeira
1º Vogal: Jorge Leitão
2º Vogal: António Mximino Barriga
Suplente: Ireneu Pais
Conselho Fiscal
Presidente: Valdemar Pinto Barriga
Secretário: Rui Macedo
Vogal: Pedro Pinto
Suplentes: Jorge Pereira
Arnaldo Madureira
Jornal Miradouro e Noticias de Viseu
(23/3/1990)
LEIXÕES e RÁDIO ATLÂNTICO
ENCONTRO SEMANAL
Com a intenção de promover a imagem e sensibilizar a população de Matosinhos para a necessidade de apoiar o clube mais representativo da cidade, o LEIXÕES SPORT CLUBE, que em 28 de Novembro próximo completa 80 anos de existência, iniciou anteontem, no espaço 19-2 horas, na Rádio Atlântico, que emite em FM Stereo - 94,7 Mhz, um programa (com realização de Jorge Gonzalez Esteves),dedicado às suas actividades, a ir para o ar às quinta-feiras.
Todas as semnas, o programa contará com a presença de um representante das mais diversas secções da colectividade e permitirá a intervenção dos sócios através da rubrica «A voz do sócio». Será também elaborado um concurso destinado a atingir a meta dos dez mil associados.
Para levar por diante tal iniciativa, o Leixões conta com a colaboração de diversas empresas comerciais e industriais da cidade e do concelho de Matosinhos
Jornal O JOGO (11 de Julho de 1987)
A realização e locução estavam a cargo de Jorge Gonzalez Esteves, A. Cabral e João Allen
BEATRIZ de LUNA - SÉCULO XVI
Estou a ler um livro fantástico de autoria de Isabel Machado e que se chama
ISABEL I DE INGLATERRA E O SEU MÉDICO PORTUGUÊS
Na página 272 aparece uma referência a uma judia portuguesa de nome BEATRIZ DE LUNA e, resolvi investigar.
De verdade chamava-se Gracia Nasci e, proponho que, atrvés do google procurem a "carta do comendador-mor do rei contendo referências a Beatriz de Luna e a João Micas - 11 de Novembro de 1553"
Uma mulher de personalidade excepcional marcou a cultura judaica de maneira singular. É considerada heroína por excelência do judaísmo, e dos sefaraditas em particular.
Doña Gracia Nasi, a mulher judia mais impressionante de sua época, nasceu em Lisboa, Portugal, em 1510, e morreu em 1569. Possuidora de um vasto e complexo império comercial e financeiro na Europa, administrou-o, preservando-o e ampliando a sua fortuna, apesar dos esforços de reis e outros dirigentes para afastá-la de seu patrimônio.
Doña Gracia salvou centenas de marranos da morte e das perseguições. Apesar de seus esforços para estabilizar a economia e a política da comunidade judaica, fracassou. Mesmo assim, foi uma mulher à frente de seu tempo. Tentou agir contra o anti-semitismo, impondo um boicote econômico. Tentou construir uma pátria judaica na Palestina, tendo Tiberíades como base.
A señora, a dama, Ha-geveret – em hebraico – marcou de uma maneira indelével a cultura judaica. Sua lembrança foi perpetuada através das inúmeras sinagogas que têm o seu nome, entre elas, uma em Esmirna, El Kal de la Señora, sinagoga que foi muito freqüentada até 1970, sendo gradativamente abandonada até se tornar um galinheiro.
Doña Gracia Nasi é considerada a heroína por excelência do judaísmo, em geral, e do judaísmo sefaradita, em particular. Nascida no seio de uma família de marranos batizada à força, era obrigada a usar o nome cristão de Beatriz de Luna, substituindo-o mais tarde por Gracia, Hannah, em hebraico. Seu irmão Agostinho Miguel era médico na corte e lecionava medicina na Universidade de Lisboa.
Em 1528, ao 18 anos, Beatriz casou-se com Francisco Mendes, outro marrano que, junto com seu irmão Diogo Mendes, lidera um império de comércio de pedras preciosas e especiarias, além de bancos em vários países da Europa. O casal tem uma filha chamada Brianda que, mais tarde, tornou-se conhecida como Reyna. Em 1537 Francisco Mendes morre, deixando uma criança e uma viúva, que fica à frente de uma imensa fortuna: o império dos Mendes.
A Inquisição foi estabelecida em Portugal em 1536 e Beatriz, percebendo o perigo que corria no país, aos 26 anos, deixou o seu lar acompanhada da filha, da irmã e de seu sobrinho João Miquez (futuro Joseph Nasi), então com 13 anos. Viajaram para a Antuérpia, passando pela Inglaterra e conseguindo fugir, salvando seus bens, para encontrar seu cunhado Diogo Mendes.
Mantendo sempre a aparência de família cristã, Beatriz integra-se e frequenta a mais alta sociedade da Antuérpia. Trabalhando juntamente com o seu cunhado e sócio, expandiram seus negócios. Beatriz era considerada o melhor banqueiro dos reis da França, do Imperador Charles V. Paralelamente a seus negócios, Beatriz e Diogo montaram uma base de operações clandestinas, organizando rotas para ajudar as famílias marranas a fugirem de Portugal e da Inquisição, estabelecendo-se em outros países.
Beatriz e sua família permaneceram em Antuérpia até a morte de Diogo Mendes, em 1543. Quando um nobre cristão pediu a mão de sua filha em casamento, viu-se então diante de um grave problema. Por adiar inúmeras vezes uma resposta positiva, surgiram suspeitas sobre a "lealdade cristã" da família. Beatriz, determinada a casar a sua filha Reyna somente com um judeu e pressentindo o perigo, tomou uma séria decisão.
Em uma manhã, já no final de 1544, o palácio de Beatriz na cidade foi encontrado totalmente abandonado. Sem avisar ninguém, levando apenas suas jóias e pertences pessoais, partiu com a família para Veneza, deixando tudo aos cuidados de seu sobrinho João Miquez.
Posteriormente, mudou-se para Ferrara, na Península Itálica. Lá comandou uma ferrovia subterrânea, nome este dado para designar um movimento que visava ajudar a fuga de cristãos-novos da Espanha e Portugal, bem como suas posses para lugares onde pudessem se estabelecer para viver e trabalhar como judeus.
• Mais tarde mudou-se para Constantinopla, onde tornou-se uma das maiores empresárias no comércio marítimo. Em pouco tempo, Gracia Mendes tornou-se uma proeminente personalidade judaica e a maior patrocinadora dos estudos judaicos da sua comunidade. Assim como diz o Livro dos Provérbios ela abre a sua palma para os pobres e estende suas mãos para os despojados alimentando todos os dias cerca de oitenta pobres em sua própria residência.
• Quando os judeus de Ancona (Península Itálica) foram aprisionados e até mesmo mortos por estrangulamento e queimados vivos pelas autoridades da Inquisição da Igreja, apesar do Papa da época prometer protegê-los, Gracia Mendes convenceu o Sultão de Constantinopla a intervir a favor destes judeus. Apoiada pelo Rabino Joseph Caro (autor do Shulchan Aruch) ela liderou um esforço internacional para boicotar Ancona. Apesar de tudo o boicote fracassou, mas Gracia Mendes tornou-se um exemplo a ser seguido pelas futuras gerações de judeus em favor de seus irmãos perseguidos.
REFERÊNCIAS:
- Catherine Clément: A Senhora, Gracia Nasi e a saga dos judeus no século XVI. (Tradução de Maria do Rosário Mendes)
- Andrée Aelion Brooks: The Woman Who Defied Kings. Paragon House 2002.
- Leon M. Mayer
Presidente da Loja Albert Einstein da B'nai B´rith do RJ
terça-feira, 27 de março de 2012
VINHO DO DÃO
Um clima com verões muito quentes e secos e invernos extremamente rigorosos com ventos gélidos e agressivos quando sopram da Serra da Estrela permitem, à Região Demarcada do Vinho do Dão, com solos na sua maioria graníticos, produzir um vinho que concorre directamente com o que de melhor se produz em Portugal e, porque não, em Bordéus.
Nos brancos, castas como o Encruzado, fazem a diferença produzindo vinhos de fino recorte técnico com grande elegância, complexos aromas, imbuídos de paladares a frutos de pomar e grande mineralidade.
A sua cor citrina, a sua delicadeza, com enorme equilíbrio entre álcool e acidez, a que associamos a sua capacidade para o envelhecimento, tornam-se surpreendentes para quem o prova pela sua frescura e pela certeza de que estamos na região onde o Encruzado tem primazia e melhor qualidade e desenvolvimento.
Nos tintos, nunca será demais dar uma ênfase especial ao Touriga Nacional, sem margem para dúvidas a mais internacional das castas portuguesas.
E falando do Touriga Nacional, elogiar todo o trabalho, toda a investigação, todo o empenho que os nossos técnicos e em especial a Quinta da Cal tiveram, de modo a que clones de elevada categoria tenham chegado a todo o mundo, mundo esse que desconhece esse esforço e nem sequer sabe que a Quinta da Cal está situada no Coração do Dão, em Nelas,no Distrito de Viseu, em Portugal.
A quantidade de aromas que a Touriga Nacional apresenta e que vai dos frutos silvestres à esteva, permite-nos afirmar que, em produção mono casta ou associado em percentagem variável com outras castas, pode rivalizar em qualquer parte do mundo com qual outra das castas mais utilizadas.
Como disse, associado ao Alfrocheiro, Tinta Roriz (Aragonês) e Jean, em percentagens que variam conforme a sub-região e local e de acordo com a criatividade e engenho dos enólogos das diferentes quintas, o Vinho do Dão merece ser provado, apreciado, bebendo-o com tudo ou, sem nada. De preferência bebê-lo ao sabor de uma serena cavaqueira.
25 de Setembro de 2009
Nos brancos, castas como o Encruzado, fazem a diferença produzindo vinhos de fino recorte técnico com grande elegância, complexos aromas, imbuídos de paladares a frutos de pomar e grande mineralidade.
A sua cor citrina, a sua delicadeza, com enorme equilíbrio entre álcool e acidez, a que associamos a sua capacidade para o envelhecimento, tornam-se surpreendentes para quem o prova pela sua frescura e pela certeza de que estamos na região onde o Encruzado tem primazia e melhor qualidade e desenvolvimento.
Nos tintos, nunca será demais dar uma ênfase especial ao Touriga Nacional, sem margem para dúvidas a mais internacional das castas portuguesas.
E falando do Touriga Nacional, elogiar todo o trabalho, toda a investigação, todo o empenho que os nossos técnicos e em especial a Quinta da Cal tiveram, de modo a que clones de elevada categoria tenham chegado a todo o mundo, mundo esse que desconhece esse esforço e nem sequer sabe que a Quinta da Cal está situada no Coração do Dão, em Nelas,no Distrito de Viseu, em Portugal.
A quantidade de aromas que a Touriga Nacional apresenta e que vai dos frutos silvestres à esteva, permite-nos afirmar que, em produção mono casta ou associado em percentagem variável com outras castas, pode rivalizar em qualquer parte do mundo com qual outra das castas mais utilizadas.
Como disse, associado ao Alfrocheiro, Tinta Roriz (Aragonês) e Jean, em percentagens que variam conforme a sub-região e local e de acordo com a criatividade e engenho dos enólogos das diferentes quintas, o Vinho do Dão merece ser provado, apreciado, bebendo-o com tudo ou, sem nada. De preferência bebê-lo ao sabor de uma serena cavaqueira.
25 de Setembro de 2009
segunda-feira, 26 de março de 2012
O MAR DE LEIXÕES CONTINUA CHEIO DE VELAS
Integrado nas Festas do Senhor de Matosinhos, realizou o SPORT CLUBE DO PORTO, Regatas de vela abertas a todas as classes de barcos.
Se no campeonato de Portugal da classe Optmist, procurei fazer a cobertura por dentro da organização, em terra, desta vez tive a oportunidade de acompanhar o Juri da prova e relatar aquilo que se passa no mar durante as diversas regatas.
Antes de ir para o mar, no dia 7, ainda tive a oportunidade de assistir nas instalações do SCPORTO à visita do Secretário de Estado do Turismo que, acompanhado da Vereação da Câmara esteve em cada um dos 3 clubes marítimos sediados em Leça da Palmeira e que, segundo consta, veio dar o aval para que a tão desejada Marina possa vir a ser uma realidade.
Cerca das 14 horas, a bordo da lancha SPORT, abandonamos o porto de Leixões e fomos colocar as bóias com as bandeiras, marcando o campo de regatas.
Por curiosidade direi que 3 bóias são colocadas de modo a formarem um triângulo que os velejadores têm de contornar.
Não é um trabalho fácil, como não o é, no final, quando as mesmas têm de ser recolhidas, altura essa em que os elementos do júri já estão cansados e com bastante frio provocado por 4 ou 5 horas de alto mar.
A partida é dada por classes com intervalos entre si de 5 minutos e os protestos, os berros entre os velejadores já fazem parte do ritual.
Ao júri compete julgar todas as situações, fazer cumprir as instruções de regata e verificar se todos os velejadores circundam as bóias sem lhe tocarem.
É um facto que a linguagem técnica utilizada nã vela não é esta, mas o que aqui pretendo transmitir é uma ideia do que é uma regata, para que todos os leitores do JMfiquem informados e possam aderir mais a um desporto com grandes raizes neste Concelho e em nítida fase de expansão.
Nestas regatas estiveram inscritos 60 barcos distribuídos pelas classes de OPTIMIST, VAURIEN, SNIPES, LASER e WINDSURF.
Na final das regatas de Domingo e feitas as contas, procedeu-se à distribuíção de prémios, como se segue:
OPTIMIST
1º Diogo Silva CVA
2º Nuno Loureiro SCP
3º Diogo Carvalho CVA
SNIPES
1º Gonçalves Guerra/Paulo Palha CVA
2º António Basilio/Jorge Lima SCP
3º Fernando Teles/Gustavo Barros SCP
VAURIEN
1º Victor Figueira/Miguel Pinheiro CVA
2º Paula Simões/Teresa Rodrigues CNL
3º Pedro Monteiro/Nuno Fernandes SCP
LASER
1º Alfredo Santos SCP
2º Serafim Gonçalves Pastelaria Duquesa
3º Frederico Silca
WINDSURF
1º João Pedro Jatch Club
2º Eugénio Santos Jokhil Club
3º Manuel Feijó SCP
(Jornal de Matosinhos - 20 de Maio de 1988)
Se no campeonato de Portugal da classe Optmist, procurei fazer a cobertura por dentro da organização, em terra, desta vez tive a oportunidade de acompanhar o Juri da prova e relatar aquilo que se passa no mar durante as diversas regatas.
Antes de ir para o mar, no dia 7, ainda tive a oportunidade de assistir nas instalações do SCPORTO à visita do Secretário de Estado do Turismo que, acompanhado da Vereação da Câmara esteve em cada um dos 3 clubes marítimos sediados em Leça da Palmeira e que, segundo consta, veio dar o aval para que a tão desejada Marina possa vir a ser uma realidade.
Cerca das 14 horas, a bordo da lancha SPORT, abandonamos o porto de Leixões e fomos colocar as bóias com as bandeiras, marcando o campo de regatas.
Por curiosidade direi que 3 bóias são colocadas de modo a formarem um triângulo que os velejadores têm de contornar.
Não é um trabalho fácil, como não o é, no final, quando as mesmas têm de ser recolhidas, altura essa em que os elementos do júri já estão cansados e com bastante frio provocado por 4 ou 5 horas de alto mar.
A partida é dada por classes com intervalos entre si de 5 minutos e os protestos, os berros entre os velejadores já fazem parte do ritual.
Ao júri compete julgar todas as situações, fazer cumprir as instruções de regata e verificar se todos os velejadores circundam as bóias sem lhe tocarem.
É um facto que a linguagem técnica utilizada nã vela não é esta, mas o que aqui pretendo transmitir é uma ideia do que é uma regata, para que todos os leitores do JMfiquem informados e possam aderir mais a um desporto com grandes raizes neste Concelho e em nítida fase de expansão.
Nestas regatas estiveram inscritos 60 barcos distribuídos pelas classes de OPTIMIST, VAURIEN, SNIPES, LASER e WINDSURF.
Na final das regatas de Domingo e feitas as contas, procedeu-se à distribuíção de prémios, como se segue:
OPTIMIST
1º Diogo Silva CVA
2º Nuno Loureiro SCP
3º Diogo Carvalho CVA
SNIPES
1º Gonçalves Guerra/Paulo Palha CVA
2º António Basilio/Jorge Lima SCP
3º Fernando Teles/Gustavo Barros SCP
VAURIEN
1º Victor Figueira/Miguel Pinheiro CVA
2º Paula Simões/Teresa Rodrigues CNL
3º Pedro Monteiro/Nuno Fernandes SCP
LASER
1º Alfredo Santos SCP
2º Serafim Gonçalves Pastelaria Duquesa
3º Frederico Silca
WINDSURF
1º João Pedro Jatch Club
2º Eugénio Santos Jokhil Club
3º Manuel Feijó SCP
(Jornal de Matosinhos - 20 de Maio de 1988)
A MESA AO LADO E O CHARME DISCRETO DA COSCUVILHICE 1
I
Naquele dia acordei bastante cedo. Tinha marcado aquelas análises de rotina que, principalmente a partir de certa idade, devemos fazer com alguma regularidade.
Os jornais e a televisão tinham dado como certo aguaceiros generalizados mas, os gritos das gaivotas e os raios de sol que espreitavam pelos intervalos da cortina, contrariavam as previsões e confirmavam que Lisboa já não é Portugal e que o Porto é, não só paisagem mas também clima de eleição.
Também, no Laboratório, já nada acontece como antigamente. Aquele interminável tempo de espera com povo anónimo a barafustar, crianças a berrar e com comportamentos menos ortodoxos provocados por tanto tempo fechado em salas pouco apelativas, deixaram de fazer parte do normal funcionamento desses espaços de saúde.
Marcado para as 9 horas, fui de imediato atendido e, passada meia hora já estava na esplanada da praia com o sol a tornar mais luzidia a minha cobiçada careca.
Na mesa ao lado, uma mesa redonda com 5 ou 6 pessoas, falava-se de António Nobre, da placa com os seus versos nos rochedos que rodeiam o salão de chá da Boa Nova e do insustentável desejo de voltar a ter orgulho de ser Português.
Eu, estava “Só”.
E a conversa tornou-se filosófica. Falava-se de “mais valia”, não no sentido económico-financeiro mas no sentido de “mais vale”.
No grupo, provavelmente de gente reformada com grande experiência de vida, havia um empresário e uma funcionária pública. Podiam depreender-se as diferenças de opinião que são lugares comuns. O interessante é que não havia um ataque aos funcionários públicos mas, sim, a quem os dirige.
E, aqui, entra o “mais vale”…..
Haverá funcionários exemplares, pragmáticos diligentes, que resolvem os problemas dos utentes.
Haverá outros que já não reúnem as condições mínimas para estar ao balcão ou à secretária.
E haverá os outros….
A senhora dizia que foi empurrada para a reforma quando ainda tinha muito para dar (acredito nisso porque, como diz o povo, de “chaparia” ainda estava em muito bom estado) porque o Estado, ao contrário dos privados, não consegue reconhecer a “mais valia” de um funcionário.
E contou:
- Sou Engenheira. Chefiava um departamento regional de um determinado Ministério. O meu Director chamou-me e, disse-me: Olha, tenho de fazer as avaliações e só tenho autorização para dar um “muito bom”. Como já te dei no ano passado, este ano vou dar, apesar de achar que tu é que mereces, à tua colega do outro departamento.
Até porque conhecia o sentido humanista do meu Director e reconhecia o gesto como uma forma de corrigir assimetrias, aceitei sem qualquer reparo.
Não é que, passados meses, e porque não tinha “muito bom” o Ministério me colocou nos supra numerários? Sem nada de nada, sem uma palavra de apreço por parte do Ministério, sem qualquer “mais valia”, fui atirada para o caixote da reciclagem.
Após trinta e cinco anos de serviço exemplar, com um profundo conhecimento profissional, sem um simples e metafórico louvor, que poderia eu fazer?
Revoltada, entreguei os papéis para a reforma. Não posso deixar de referir que, o meu Director, apesar de nada ter a ver com o assunto mas porque se sentiu traído pela máquina burocrática também pediu a reforma.
A conversa terminou quando a Engenheira referiu que, hoje, no lugar do Director está um jovem recém formado proveniente de uma “jota” e vereador de uma autarquia com funções politicas num qualquer secretariado de um partido político.
Para o lugar dela, foi criado um grupo de trabalho constituído por cinco elementos sem qualquer curriculum na área daquele Ministério.
Naquele dia acordei bastante cedo. Tinha marcado aquelas análises de rotina que, principalmente a partir de certa idade, devemos fazer com alguma regularidade.
Os jornais e a televisão tinham dado como certo aguaceiros generalizados mas, os gritos das gaivotas e os raios de sol que espreitavam pelos intervalos da cortina, contrariavam as previsões e confirmavam que Lisboa já não é Portugal e que o Porto é, não só paisagem mas também clima de eleição.
Também, no Laboratório, já nada acontece como antigamente. Aquele interminável tempo de espera com povo anónimo a barafustar, crianças a berrar e com comportamentos menos ortodoxos provocados por tanto tempo fechado em salas pouco apelativas, deixaram de fazer parte do normal funcionamento desses espaços de saúde.
Marcado para as 9 horas, fui de imediato atendido e, passada meia hora já estava na esplanada da praia com o sol a tornar mais luzidia a minha cobiçada careca.
Na mesa ao lado, uma mesa redonda com 5 ou 6 pessoas, falava-se de António Nobre, da placa com os seus versos nos rochedos que rodeiam o salão de chá da Boa Nova e do insustentável desejo de voltar a ter orgulho de ser Português.
Eu, estava “Só”.
E a conversa tornou-se filosófica. Falava-se de “mais valia”, não no sentido económico-financeiro mas no sentido de “mais vale”.
No grupo, provavelmente de gente reformada com grande experiência de vida, havia um empresário e uma funcionária pública. Podiam depreender-se as diferenças de opinião que são lugares comuns. O interessante é que não havia um ataque aos funcionários públicos mas, sim, a quem os dirige.
E, aqui, entra o “mais vale”…..
Haverá funcionários exemplares, pragmáticos diligentes, que resolvem os problemas dos utentes.
Haverá outros que já não reúnem as condições mínimas para estar ao balcão ou à secretária.
E haverá os outros….
A senhora dizia que foi empurrada para a reforma quando ainda tinha muito para dar (acredito nisso porque, como diz o povo, de “chaparia” ainda estava em muito bom estado) porque o Estado, ao contrário dos privados, não consegue reconhecer a “mais valia” de um funcionário.
E contou:
- Sou Engenheira. Chefiava um departamento regional de um determinado Ministério. O meu Director chamou-me e, disse-me: Olha, tenho de fazer as avaliações e só tenho autorização para dar um “muito bom”. Como já te dei no ano passado, este ano vou dar, apesar de achar que tu é que mereces, à tua colega do outro departamento.
Até porque conhecia o sentido humanista do meu Director e reconhecia o gesto como uma forma de corrigir assimetrias, aceitei sem qualquer reparo.
Não é que, passados meses, e porque não tinha “muito bom” o Ministério me colocou nos supra numerários? Sem nada de nada, sem uma palavra de apreço por parte do Ministério, sem qualquer “mais valia”, fui atirada para o caixote da reciclagem.
Após trinta e cinco anos de serviço exemplar, com um profundo conhecimento profissional, sem um simples e metafórico louvor, que poderia eu fazer?
Revoltada, entreguei os papéis para a reforma. Não posso deixar de referir que, o meu Director, apesar de nada ter a ver com o assunto mas porque se sentiu traído pela máquina burocrática também pediu a reforma.
A conversa terminou quando a Engenheira referiu que, hoje, no lugar do Director está um jovem recém formado proveniente de uma “jota” e vereador de uma autarquia com funções politicas num qualquer secretariado de um partido político.
Para o lugar dela, foi criado um grupo de trabalho constituído por cinco elementos sem qualquer curriculum na área daquele Ministério.
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